terça-feira, 25 de maio de 2010

Não te preocupes…

É incrível, tudo era belo, pintado pelas mãos de uma criança que ainda agora começara a viver…

Parecia algo impossível… Mas estava a acontecer, e eu estava ali, presente nos momentos mais lindos e que alguma vez me fez sentir verdadeiramente… Feliz!

Agora? Resumo-me a escrever as palavras que senti, sinto e sentirei… Algo inexplicável que eu, agora, não consigo ainda explicar. Quero estar junto de ti outra vez… Naqueles momentos de loucura em que tu me procuravas e eu respondia com as mais tenras letras, dizendo palavras pelos lábios sem utilizar o som… Não falávamos mas unicamente nos sentíamos.

Queria voltar aí… Onde tudo parecia um dia novo prestes a raiar os primeiros traços daquele sol de praia calorenta. E eu, olhava-te nos olhos e dizia-te que queria-te ali, colado em mim, como as páginas do livro que tem uma história linda e brilhante para contar.

Mas não te preocupes, eu continuo a viver cada dia pelos postais que tu um dia me mandavas, dos sítios Que um dia tu própria levavas-me lá…

Agora, não me ligas, não me falas, não me olhas… Não me beijas!

Mas…

Não te preocupes, eu vou continuar a amar-te como no dia que nos conhecemos, mesmo que para isso não tenha a lua agora para me guiar, nas noites frias que vejo agora nas paredes.

Mas quero que saibas, que sem ti não existe dia, não existe noite… Existe simplesmente o vazio nos meus braços que um dia agarraram-te, tocaram-te e beijaram-te cada traço do teu corpo.

Mas… Não te preocupes… Eu irei continuar a viver…

A viver na incansável procura do sol, da lua, do calor, da magia, nem que para isso… Ter-me de refugiar nos dias frios, escuros daquela cama que um dia… Era… Amor…

Um velho naquele barco abandonado

O barco remava sem destino e o velho do barco estava lá ainda.

As rugas na sua face mostram o que ele passou, o que ele sofreu e hoje, ainda anda à procura de ventos favoráveis para o levarem de volta aos tempos da adolescência onde ele próprio disse-me um dia, que foram os dias mais felizes da vida dele.

É tenebroso pensar que um dia, todos nós seremos como o velho no barco sem destino, onde andaremos em círculos infinitos à procura de um rumo à nossa vida, e não temos ninguém para agarrarmos e dizermos para dar fôlego à nossa vela.

Hoje o dia acordou novamente triste, e o velho continua a divagar pelas ondas que vão-se agitando cada vez mais, mas ele não quer ainda sair do mar que um dia o encontrou.

Ele lança a sua linha e espera que alguma coisa morda, mas… Nada.

O mar não está favorável para a pesca já à uns longos anos para aquele velho, mas ele não desiste e diz que foi ali que um dia conseguiu apanhar um dos maiores acontecimentos da sua vida… A razão que o fez voltar ao mar um sem vezes de contas e diz que nunca sairá dali até ao dia que conseguir esse momento mais uma última vez.

Eu sentei-me no cais a olhar para o velho, mas nada. Não acontecia sequer um movimento, e eu como não percebi o porquê de ele continuar assim fui-me embora.

Passou mais um dia, mas hoje parece que existe um cheiro especial pelo ar, um cheiro a água salgada que não me largou desde o dia de ontem.

Chego ao cais e o velho do barco já não estava lá. A silhueta do barco já não aparece e eu não entendo o facto de o velho não encontrar-se ali hoje.

Pergunto ao pescador onde estava o velho do barco, ao que ele me responde:

- “Ele finalmente encontrou o que queria, finalmente voltou aos seus tempos onde tudo era belo, mas nós, pescadores de terra, ainda nos encontramos aqui parados, à espera que encontremos também aquele momento.”

Não percebi ao princípio as palavras do pescador, mas só mais tarde consegui entender…

Passaram agora 70 anos desde que eu vi o velho. Nunca mais consegui ver o eclipse das velas a bailarem ao vento, mas hoje, sou eu que conduzo o barco, já não sou pescador de terra, agora ponho rumo às velas e espero que um dia, elas levem-me aos momentos em que eu construí aquele castelo de areia imóvel que parecia indestrutível, até uma onda do mar embarca-lo para um mundo diferente.

Obrigado, velho do barco. Finalmente percebi que a vida afinal não deve ser passada em terra, mas sim no mar, para nós próprios pudermos ser donos do nosso barco e guiámo-lo pelas estrelas coladas ao céu, onde um dia, eu próprio, possa desaparecer para me tornar um só com o mar, como tu um dia também tornaste-te.

Algo incrível… Sem explicação

Incrível, uma perspectiva magnífica, um sem número de explicações, que não tem assunto.

Isto aquilo que faz de ti um ser especial, um ser magnifico e magnânime que tu próprio tens de controlar de dia para dia.

Se um dia corre bem, então grava esse próprio dia na tua memória, se te correr mal, não te preocupes, melhores dias virão para te sentires outra vez como aquele menino de olhos alegres e felizes por brincarem com ele.

Vive cada dia como o último pois só assim conseguirás embarcar nesta aventura que se chama viver.

Eu não falo de viver só por si, e cair na rotina infindável a que cada um de nós está agarrado, mas sim viver com emoção, viver com alegria, viver com sentimento, viver com o coração, viver com… Amor.

Não sabem o que é? Eu passo a explicar…

Decide tu próprio hoje o que queres fazer. Agora, não o faças, e pensa numa outra coisa completamente diferente para tu próprio fazeres com alguém!

Será especial e inesquecível esse pequeno momento que passaste com essa pessoa, pois são esses momentos que te fazem relembrar alguém que tu és e serás.

Acabarás por viver uma vida cheia de prazer e aventuras onde tu criaste um caminho que, até á data, ainda nem tinha sido explorado. O caminho da alegria, o caminho do movimento, o caminho de fazeres alguém feliz.

É assim que agora vivo, e hoje…

Sou um pássaro livre que abre as suas asas para voar nesse mundo fora!

sábado, 8 de maio de 2010

A essência da imaginação

Lá estava…. Ela… Quieta… Como à sua volta não pertence-se a ninguém. Eu, por palavras esforçadas, disse-lhe para levantar-se e vir comigo. Precisava dela, pois era isso o que mais queria nesse momento, nós, juntos contra marés inimagináveis, em que cada onda era uma simples conjunção de coisas Insignificantes.

Respondeu-me e eu não percebi. Pedi-lhe para dizer novamente com a sua suavidade do costume, calou-se.

Eu queria mais, queria que ela viesse e embarca-se nesta viagem incrível que se chama Viver.

Mas não, continuava sentada no mesmo sítio do costume como tudo à sua volta nem sequer estivesse lá.

E eu, tentando-me fazer real, cheguei-me mais perto e acariciei-lhe a face que descrevia tudo o que se passava. Pareciam rosas que ainda não tinham encontrado o seu cheiro matinal.

Sussurro em um tom claro e límpido para ela perceber que eu não queria mal, só me bastava estar com ela, ficando tempos sem fim a observar aqueles olhos de gota de água límpida e transparente.

Então, como vindo das profundezas do seu ser, ela levanta-se, grita, exalta-se, dizendo que tudo não passa de um sonho e que eu não sou real, e que assim a magoarei ainda mais, pois tudo aquilo não é, senão, produto da imaginação. Assim que me disse isto, como uma seta que acabara de trespassar o coração dos mais infiéis, agarro-a e levo-a de ali para fora.

Abro a porta com uma raiva crescente devido a ela não acreditar e mostro-lhe a vida… A vida nua e crua como ela é, onde por vezes magoa, onde por vezes fere-se, mas onde por vezes… Se ama.

Ela fica fascinada com tudo à sua volta. Começa a perguntar o porquê das coisas, como uma criança que começa a dar os seus primeiros passos das palavras proferidas sem mal.

Eu explico-lhe que tudo não passa de acreditar se não nela própria.

Ela fita-me com os olhos, não entendeu o que acabei de dizer.

Explico-lhe novamente que a vida é deixar-se viver.

Ela continua sem perceber.

Agarro-a novamente, e fujo, para bem longe, para onde o mundo se iniciara a alguns anos atrás.

- “Vês aquele ponto, é onde tudo começou, onde toda a matéria acumulada está pronta a explodir, isto… É viver enclausurado. Devemos deixar que esta bomba rebente, e leve-nos a sítios magníficos e incríveis, pois só isso será deixar-nos viver.”

Ela olha para o pequeno ponto reluzente num pano escuro e frio, e toca-lhe… Uma explosão de cores magníficas dá-se, onde nenhum pintor conseguirá alguma vez repetir aqueles efeitos que eu próprio vi.

O interior está agora à vista de todos e eu… Vi!

Aquele interior tão belo, tão fugaz, tão livre, estava ali…

Mas observei de mais perto, apercebi-me que tudo aquilo ainda tinha o tal pano escuro e frio.

Perguntei-lhe o porquê? Porque ainda estava aquela cor ali.

Não me soube responder. Perguntei-lhe mais alto para ver se me ouvia… Mas não ouviu novamente. Continuei a gritar, e neste ponto começou tudo a fugir. Tudo o que tinha visto e conseguido estava agora a desmoronar mesmo à minha frente, aquelas paisagens magníficas estavam a deteriorar-se como um castelo que acabara de ser lacerado com as rochas frias, feias e pútridas.

Acabei por voltar à razão, levantei-me, e comecei a escrever… E agora estou aqui… Sozinho. Abandonado à minha escrita, como a mulher alguns momentos atrás.

Esta é a viagem da imaginação. A imaginação que não passa disso mesmo. Pensamentos livres e sem barreiras. Onde tudo, mas mesmo tudo à nossa volta… Se cria, se sente, se toca, se cheira, se prova… Mas… Que não é real.

Não é real, até nós mesmos acreditarmos na prova irrefutável, que cada um de nós tem uma imaginação só sua e que deve ser expressada, amada… Sentida.